25 setembro 2010

Reflexão 26º Domingo do Tempo Comum







Reconhecer Cristo no pobre: ponte para chegar ao céu
por Michaell Grillo

Queridos irmãos e irmãs
Mais um fim de semana se aproxima e com ele, Jesus não se cansa de nos fazer refletir sobre como estamos procedendo na vida. A parábola do Evangelho do 26º domingo do Tempo Comum é bem atual, uma vez que nos deparamos com uma das dicotomias mais freqüentes na sociedade de consumo em que vivemos: de um lado, os ricos; do outro, os pobres. Na verdade, na introdução do texto, fica bem claro que a distância entre o Lázaro, o mendicante e o rico, sem nome, é apenas a porta da casa do rico. Porta esta que será crucial para o destino de ambos após a morte corporal, pois o fato de não abri-la ao pobre, isto é, pelo fato de não dar importância ao que secava as feridas ao sol é causa dos tormentos que o rico irá sofrer quando perceber que ao lado de Deus está o negligenciado.
O pobre, aos olhos de Deus, é visto de maneira diferente: justamente o marginalizado, cujo único companheiro era o cachorro que vinha lamber as suas feridas, contempla a face do Pai quando é visitado pela morte corporal. Ao contrário, o rico enfrenta o sepultamento e depara-se do lado oposto ao de Lázaro, ou seja, distante de Deus, simbolizado na figura de Abraão.
Precisa-se ter em mente que tal parábola foi contada por Jesus aos fariseus, que tinham o Pentateuco (conjunto de cinco livros das Sagradas Escrituras: Gênesis, Êxodo; Números; Levítico e Deuteronômio) como a Lei suprema. Os fariseus, enquanto judeus, viam os pobres como seres impuros, fadados a padecer nas misérias existencial e social. Porém, Jesus vem justamente alertar que aos olhos de Deus, o pobre tem mais valor do que o rico que apenas soube gozar a vida no esbanjamento, esquecendo de olhar para as portas da vida, onde milhares de pobres sentam-se a mendigar e a pedir um pedaço de pão, também conhecido como solidariedade. Mas, esses não são ouvidos, não tem vez em nossas sociedades.
O rico ao deparar-se com Abraão, o reconhece como Pai e o mesmo acontece com o patriarca, que reconhece o rico como filho, porém, o reconhecimento da existência de Deus não é o bastante para alcançarmos a vida eterna, uma vez que o verdadeiro atestar da presença de Deus se dá no serviço, na entregar-se total, no não medir esforços para ver o bem do próximo.

Irmãos e Irmãs, nesse mundo em que vivemos, marcado por desigual e humilhante distribuição de renda, precisamos nos dedicar a fazer esmolas a quem realmente precisa, pois somente partilhando os nossos bens com quem perece é que estaremos sendo justos aos olhos de Pai. Entretanto, se estamos a aproveitar sofás de marfim e a desfrutar de taças de vinho enquanto que o nosso irmão tem que se contentar com as migalhas que caem de nossas mesas, certamente não seremos dignos de estar ao lado do Pai na morada eterna.

Leituras: Am 6, 1.4-7; Sl Sl 145(146); I Tm 6,11-16; Lc 16, 19-31

09 setembro 2010

Mês da Biblia


Estamos entrando no mês de setembro, Mês de Bíblia.
Poderá ser um período de renovação da nossa vida cristã individual e comunitária.
De fato, a Bíblia é uma forma de presença de Deus no meio de seu povo. Ela nos faz ouvir a Deus, a Ele nos conduz e nos faz conhecer seu amor. Se estivermos abertos à ação do Espírito Santo, a Bíblia nos fará não só ter um conhecimento teórico da Palavra de Deus, mas também experimentar vivamente o amor com que Deus nos ama. Essa experiência é fundamental na vida cristã.

"Não há melhor pedagogia que o testemunho."
" Quer que alguém se encante com a Bíblia? Seja encantado por ela. Podemos usar de muitos recursos, demosntrar sua utilidade e até doar bíblias e, mesmo assim, não despertar paixão por ela. Há grande diferença entre ser encantado por ela e simplesmente fazer uso e ler."
A leitura orante da Bíblia. A leitura orante da Bíblia, também conhecida pelo nome latino Lectio Divina, é uma forma maravilhosa de oração bíblica na qual acontece uma interatividade intensa entre o leitor - que é orante e não apenas leitor-, o escrito (Bíblia) e o autor (Deus). A leitura orante da Bíblia não é uma interpretação explicativa do texto, mas uma forma privilegiada de rezarmos nossa história à luz de fatos e experiências bíblicas. Esta leitura obedece aos seguintes passos:
Ler o texto percebendo quem são os personagens , os problemas e as situações históricas:
Encontrar no texto como são apresentados Deus, o mundo o ser humano;
Verificar com que personagem o leitor se identifica e por que - pergunte-se " o que esse texto quer dizer para mim hoje?"
Depois de toda essa análise, fazer uma oração contemplando os elementos que o texto ofereceu. Essa oração deve se abrir a níveis cada vez mais intensos e profundos, passando da fala para a meditação e desta para a contemplação.
A leitura de um salmo finaliza lindamente essa oração.Essa forma de orar com a Bíblia tem origem nos mosteiros e alcança hoje vários espaços e ambientes de cultos católicos e de outras confissões religiosas.SONIA SIRTOLI FÄRBER em entrevista a revista Rainha dos Apóstolos.
Deus nos visita
A Bíblia narra que, ao longo de toda a história, Deus vem ao encontro do homem de muitas formas e em muitos momentos.Desde os tempos áureos do profetismo até as narrativas do evangelho, o tema da visitação é recorrente. Deus quer estar com seu povo e está disposto a fazer aliança com ele.Quando da encarnação do Verbo, essa visita, tão almejada, efetivamente acontece. Significativos são os pontos de contato que o texto de 2 Sm 6,1-15 possui com a visitação de Maria à sua parenta Isabel (Lc 1,39,56): a Arca da Aliança contendo as “Palavras de Deus” é levada para uma cidade nas montanhas de Judá; Maria tendo em seu ventre o “Verbo, a Palavra de Deus” vai para uma cidade nas montanhas de Judá. A Arca é recebida com aclamações de alegria; Maria é recebida com aclamações de alegria. Na cidade, o rei se pergunta: “Como posso receber em minha casa a Arca de Deus?”; Isabel ao ver Maria diz: “Donde me vem que a mãe do meu Senhor me visite?”; a Arca permanece 3 meses naquele lugar, Maria fica 3 meses na casa de Isabel!Tanto o Antigo quanto o Novo Testamento mos tra Deus visitando seu povo: “Deus vos visitará , vos fará subir deste país para o país que ele prometeu com juramento a Abraão, Isaac e Jacó” (Gn 50,24s). A oração feita por Zacarias, pai do precursor do Messias, João Batista, inicia com a exaltação: “Bendito seja o Deus de Israel, porque visitou e redimiu seu povo” (Lc 1,68) e termina agradecendo pelo “Sol nascente nos vir visitar (cf. Lc 1,78s).Ao longo de sua vida, Jesus passou pela história de muitas pessoas (cf Mc 10,46,52: cego Bartimeu), hospedou-se em suas casas (Lc 9,38: em Betânia), visitou (cf. Lc 19,5: casa de Zaqueu) e celebrou a vida com elas (cf. Jo 2, 1ss). A passagem de Jesus pela vida de alguém sempre foi um convite, uma provocação para que aderissem à sua proposta. Muitos aceitaram, mas nem todos. O quarto evangelho sublinha a resposta negativa que muitos deram a Jesus:”Ele veio aos seus e os seus não o receberam” (Jo 1,11). De forma poética, a Bíblia mostra o drama daquela que quer estar com o amado, mas indolente, tem preguiça de abrir a porta para que ele entre, e quando consegue vencer o abatimento, o amado já tinha passado e ido embora (cf Ct 5,2-6).Em tempo de expectativa para a vinda do Senhor - no Natal, quotidianamente e no final dos tempos - cada pessoa é chamada, de forma pessoal e individuada, a preparar-se para esta “visita”, pois o Senhor está à porta e bate, quem abrir fará comunhão com ele (cf. Ap 3,2) e quando ele aparecer uma segunda vez, aos que o aguardam, lhes dará a salvação (cf. Hb 9,28).
Edna Maria