27 novembro 2010

Liturgia do 1º domingo do Advento - ANO A


Jesus precisa nascer diariamente em nossos corações para não sermos surpreendidos em sua nova vinda.

Neste fim de semana, a Igreja dá início a um novo ano litúrgico, onde somos convidados a renovar as nossas esperanças e amadurecer a nossa fé para que possamos ser promotores da paz mundial e testemunhas vivas do Evangelho. O Tempo de Advento abrange as quatro semanas anteriores ao Natal e tem a intenção de preparar os fieis para uma maior conscientização do significado da festa, além de ser marco inicial de uma nova era e a celebração de um dos mais belos mistérios de nossa fé: a encarnação do Verbo, a Palavra de Deus anunciada pelos profetas durante séculos. Justamente por ser um tempo de grande reflexão, mística e de incitação a conversão é que a cor predominante é o roxo, à exceção do terceiro domingo, onde o rosa anuncia que faltam poucos dias para que a verdadeira alegria irradie em nossa vida. O roxo aqui simboliza não a penitência, da quaresma, e sim a necessidade de recolhimento para nos tornarmos mais vigilantes, pois precisamos estar atentos à chegada do Deus-conosco.
Um dos símbolos do Tempo do Advento é a coroa de velas, que fica em lugar de destaque no altar das igrejas. As quatro velas, uma de cada cor, a serem acesas uma a cada domingo, simbolizam a luz dAquele que esperamos ansiosamente. A primeira a ser acesa é a roxa. Logo depois são acesas as demais velas, que significam a fé dos patriarcas que acreditaram no anúncio da Terra Prometida; a alegria pela descendência de Davi e o ensinamento, pelos profetas, da paz e da justiça. As velas são dispostas em uma guirlanda verde, simbolizando a esperança pela vinda do Messias, que contém uma fita vermelha, em sinal do amor de Deus para conosco, por enviar seu único Filho pela nossa salvação.
Porém, de nada servirá tanta preparação para receber Jesus no nosso meio, se Ele não nascer em nossos corações. A luz do Natal precisa acender em nosso interior diariamente, ir além de uma confraternização em família com a mesa farta de iguarias, pois assim, a esperança será renovada constantemente dentro de cada um de nós. Jesus precisa habitar os nossos corações, mas, para isso, é preciso que nós abramos o nosso interior para Ele fazer morada, uma vez que Ele é a encarnação do Deus de liberdade, que nos ama incondicionalmente e, por isso, respeita a nossa decisão de aceita-lo ou não.
Como dissemos, o termo advento nos remete a esperar aquele que vem. E tal espera é o cerne do evangelho deste fim de semana, onde Jesus nos ensina a necessidade de estarmos vigilantes a fim de que não sejamos surpreendidos com a sua segunda e definitiva vinda (cf Mt 24, 44). Sim, o advento nos oferece a memória do nascimento de Jesus para que entendamos a necessidade de nos prepararmos para sermos arrebatados ao céu, quando o Mestre voltar. Como ninguém sabe quando tal redenção irá acontecer, precisamos estar com a nossa fé em dia. Eis o que diz o prefácio da Oração Eucarística desta primeira semana do advento: Revestido de sua glória, Ele virá uma segunda vez para conceder-nos em plenitude os bens prometidos, que hoje, vigilantes, esperamos.
São Paulo, em sua carta aos Romanos, nos exorta acerca da postura que devemos adotar para não sermos deixados para trás quando o Filho do homem voltar, uma vez que no evangelho, Jesus afirma que alguns serão deixados e outros, levados. Aqueles são os fracos na fé, os que depositaram toda a sua esperança no vil metal, tendo como cerne da vida, a volúpia e o exagero.Assim aconteceu na época do Dilúvio: enquanto Noé andava no caminho de Deus, o Homem se corrompia, bebendo e comendo, ignorando a arca que estava sendo construída, embarcação esta que seria sinal de salvação para aqueles que nela entrassem (cf Gn 6 –7). Ao contrário, os que serão “levados” são os que, como São Paulo afirma, ignoram as glutonerias e as bebedeiras, assim como todo e qualquer tipo de imoralidade, unicamente por ter uma vida Cristocêntrica, onde Cristo é o centro, a razão e a luz para todo passo a ser dado (cf Rm 13,13). Ainda que estejamos passando por momentos de escuridão, enquanto perduramos numa vida promíscua, Cristo não deixa de nos acompanhar, pois como nos diz o profeta Isaías: é preciso deixar sermos guiados pela luz do Senhor (cf Is 2, 5). Acredite: Ele é insistente e está sempre a espera de nossa conversão.
Portanto, que nesse tempo de preparação para o natal, possamos, assim como Maria, dar o nosso Sim ao projeto de Salvação proposto por Deus. Assim como a Santa Virgem se entregou sem medida à força do Espírito Santo, nós humanos, precisamos nos deixar impregnar do divino, relevando as coisas do mundo ao segundo plano, pois elas passam num piscar de olhos. Não é deixar de viver no mundo, e sim de não viver para o mundo. Que na noite natalina, possamos sentir a luz do paráclito incendiar nossa alma e florescer em cada um de nós a paz de Cristo e a alegria de sermos convidados a participar do banquete do Cordeiro, na Jerusalém Celeste.




Assim, seja!


por Michaell Grillo

Leituras: Is 2, 1-5; Sl 121 (122); Rm 13, 11-14; Mt 24, 37-44

06 novembro 2010

Reflexão – liturgia 32° domingo Tempo Comum

Felizes os que se despojam diante dos ensinamentos de Cristo e são capazes de entregar a Ele o viver
Neste fim de semana, a Igreja celebra todos os santos, nossos intercessores fiéis junto a Deus. A solenidade é programada para acontecer na véspera do dia de finados, porém, por se tratar de uma solenidade e pelo fato do dia 1° de novembro ter caído em uma segunda-feira, a festa foi postergada para o domingo subseqüente. Por falar nos santos, podemos iniciar a reflexão refletindo sobre o que nos leva a sermos santos nos dias de hoje, em que se vive de maneira frenética em uma sociedade hiperestimulante, que acaba por deixar o sagrado em segundo plano.
Irmãos, a santidade é o convite que Deus nos faz no momento de nosso batismo, momento no qual somos lavados de nossa mancha inicial, herança deixada por Adão e por Eva (cf Gn 3). Na pia batismal, temos a fronte traçada pelo símbolo maior de nossa fé: o sinal da cruz que nos remete ao Deus trindade que se faz três para ser um só em nossos corações. Procuro calcar a santidade sobre três pilares: o decálogo (cf Ex 20, 1-17), mandamentos deixados por Deus ao seu povo; as bem aventuranças (cf Mt 5, 1-12 a), recomendadas por Jesus ao seu povo e o testamento deixado pelo Filho do Homem durante a ceia derradeira (cf Jo 13, 34-35), lição de vida para todos.
Caríssimos, é sobre esses pilares que será edificada a felicidade. Não a felicidade ilusória que nos dá a sensação de estarmos extremamente felizes. Não podemos confundir a alegria com a felicidade. Esta é a plenitude da sensação de bem-estar, que não passa diante de alguma problemática. Pode ser atenuada, mas jamais será cessada. Enquanto, que aquela é momentânea. Sentimos alegria quando compramos um carro novo ou quando recebemos uma bonificação financeira no trabalho, porém, esse sentimento finda quando o carro sai de moda e quando o dinheiro termina. Só poderá afirmar, verdadeiramente, que é feliz, aquele que está bem com Deus, com o irmão e consigo. E, justamente, para estar bem com Deus é preciso erguer os pilares citados acima.
O evangelho deste fim de semana se atenta ao segundo pilar, ou seja, as bem-aventuranças. A partir de uma leitura atenta, perceberemos que somente seremos felizes se formos pobres em espírito. Aqui, Jesus não nos fala de uma pobreza material. Sua preocupação é alertar para a necessidade de não mais sermos escravos da riqueza, pois a maior riqueza existente é a adoção de uma vida justa, centrada na humildade, na solidariedade e no total despojamento. Como é bom podermos chegar diante do sacrário e se calar para ouvir o que o Senhor tem a nos dizer. Naquele momento estamos despojados de nossas vaidades, de nossos egoísmos e de nossos preconceitos. É naquele prostar-se diante do Salvador que nos tornamos verdadeiramente criatura, que se deixa ser guiada pelo Senhor da vida. Somente Ele tem as palavras para nos confortar, para nos incentivar, para nos dar coragem de seguir caminhando, ainda que estejamos sendo recriminados pela sociedade técnico-científica do século XXI (cf Mt 5, 11), que custa a aceitar a decisão de nossos jovens a seguir uma vida religiosa, porque estão na contramão da história, pensamento pertencente à nossa sociedade capitalista. Porém, garanto que vale a pena estar na contramão da história para não estar na contramão de Cristo, pois Ele é caminho de mão dupla. Aliás, o próprio Jesus nos garante que vale a pena segui-Lo a fim de perseverar na busca pela santidade: Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus. (cf Mt 5, 12 a)
A cada dia que abrimos as páginas de nossos jornais, somos convidados a refletir sobre como difundir cada vez mais os ensinamentos de Cristo no mundo atual, uma vez que os princípios cristãos estão sendo cada vez mais solapados por atos de atrocidades sociais, políticas e ambientais. Infelizmente, o mundo fechou os ouvidos para o anjo, citado por São João no livro do Apocalipse, que gritava com voz retumbante aos quatro anjos que faziam mal à terra, ao mar e às árvores (cf Ap 7, 3). Eis aqui mais um ponto de atenção: como respeitaremos a humanidade se não somos capazes de cuidar da natureza, que nos dá o ar que respiramos e os frutos que nos alimenta? Precisamos ser promotores da paz, em todos os sentidos. É preciso dizer não à violência social, responsável pela dizimação de muitas famílias, e à violência ambiental, pois a Mãe Terra é fonte de vida e sustento.
Agindo dessa maneira estaremos caminhando para santidade e, ainda na terra, seremos reconhecidos como filhos de Deus (cf, I Jo 3,1). O céu é conseqüência de nossas escolhas na terra: só atingirá a Jerusalém celeste àqueles que não esmoreceram na fé durante a caminhada, ainda que ela tenha sido permeada de tribulações (cf Ap 7, 14 a). Assim, como nos diz São João, esses terão suas vestes alvejadas pelo sangue do Cordeiro (cf Ap 7, 14 b), o sangue derramado na cruz por amor a cada um de nós. E chegando ao Céu, estaremos de pé diante de Deus, com as palmas da vitória na mão (cf Ap7, 9 b), por termos perseverado na justiça e no amor e, finalmente, seremos purificados, como é o próprio Cristo Jesus (cf I Jo 3,3). Por fim, seremos dignos de ter Cristo entregue a própria vida no madeiro em favor da devolução de nossa dignidade.

Obrigado Senhor!
por michaell Grillo

Leituras: Ap 7, 2-4.9-14; Sl 23 (24); I Jo 3, 1-3; Mt 5, 1-12 a

04 novembro 2010

Carta da CNBB, para os catequistas

CARÍSSIMOS/AS
CATEQUISTAS DISCÍPULOS MISSIONÁRIOS

“Dou graças a meu Deus todas as vezes que me lembro de vós. Sempre, em todas as minhas orações, rezo por vós com alegria, por causa da vossa comunhão conosco na divulgação do evangelho, desde o primeiro dia até agora”. (FL. 1,3-5).

Inspirada pela carta amorosa e transbordante de ternura que Paulo dirige ao povo de Filipos, pensei em cada um de vocês, catequistas, ao refletir essa leitura durante a Celebração Eucarística que nós, assessores, participamos todos os dias, aqui na CNBB.
Nesse mês missionário, somos convocados a REFLETIR a nossa vocação de discípulo missionário, conforme nos aponta o Documento de Aparecida. Muito mais que refletir, somos convidados a nos RE-ENCANTAR, isto é, criar espaço para as moções do Espírito, entrar nesse movimento dinâmico e inovador, deixar-se CONDUZIR para que o encantamento inicial, a admiração, tome conta do nosso SER CATEQUISTA. Que tal voltar às fontes e fazer memória desse CHAMADO, desse ENCONTRO que marcou definitivamente a sua existência como catequista?

“Tenho certeza de que aquele que começou em vós uma boa obra há de levá-la à perfeição até o dia de Cristo Jesus.” Fl 1, 6

Aquele que é razão desse encantamento, Jesus Cristo, que um dia nos chamou pelo nome lá onde nos encontrávamos, no cotidiano das nossas vidas, é fiel, continua presente de uma forma discreta e sutil, é o Deus da caminhada, da travessia, que pedagogicamente vai se revelando, é o Deus de Jesus Cristo. Revela-se do seu jeito não do nosso, por isso é sempre surpreendente e inusitado.
Como catequista, quais os SINAIS de Deus, da sua ação amorosa, que lhe confirmam na MISSÃO?

“É justo que eu pense assim a respeito de vós todos, pois a todos trago no coração,porque, tanto na minha prisão como na defesa e confirmação do evangelho, participais na graça que me foi dada”.FL 1, 7

A filiação divina nos faz participantes da mesma GRAÇA, somos filhos e filhas do mesmo Pai, irmãos de Jesus Cristo, irmanados pelos laços do Espírito possibilitamos que a TRINDADE SANTA faça morada em nosso corpo, em nossa existência e na fragilidade das nossas limitações, expressamos a totalidade do amor de Deus. Comungamos da mesma GRAÇA, que nos possibilita realizar a missão com leveza e gratuidade, descobrindo em cada desafio, que o Senhor nos capacita com seus dons. Na sua missão como Catequista, você se sente agraciado, amado e capacitado por Deus?

“Deus é testemunha de que tenho saudade de todos vós com a ternura de Cristo Jesus. E isto eu peço a Deus: que o vosso amor cresça sempre mais, em todo o conhecimento e experiência, para discernirdes o que é melhor”. FL 1, 8-10.


A relação que Paulo estabelece com as comunidades é extremamente afetiva e terna, sente saudade, porque criou laços...Preocupa-se, porque sabe das dificuldades e das limitações humanas, por isso, exorta-os para que o amor cresça, supere as diferenças e seja determinante nas escolhas.

Aprendemos de Paulo, que a vocação é expressão do amor de Deus e que o seguimento a Jesus Cristo concretiza-se nas relações que somos capazes de estabelecer com os outros. Será que a nossa catequese é capaz de possibilitar momentos de interação, de partilha, onde se acolhe e respeita o SER do/a catequizando/a na sua totalidade? Qual a nossa postura como catequistas, diante de uma sociedade discriminatória e excludente?

Querido/as catequistas, agradecemos pelos catequistas discípulos missionários, DOM-GRAÇA, derramada sobre as nossas comunidades como expressão da fidelidade Daquele que vos chamou.

Pela Comissão, Ir. Zélia Maria Batista, CF.